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Avalia-se que as grandes cidades crescem, agigantam-se. De metrópoles passam a megalópoles. Nelas nem todos os seus habitantes auferem os benefícios da urbanização. Por isso, para entender o processo de urbanização, é cada vez mais evidente que o meio urbano exige tratamento inter, multi e transdisciplinar ou trabalho em equipe envolvendo, urbanistas, geógrafos, historiadores, arquitetos, sociólogos, antropólogos e outros profissionais habilitados ao tratamento de problemas urbanos complexos. Por isso, se propugna por uma agenda de pesquisas na qual a Geografia Urbana daria uma parcela das contribuições possíveis.
Nessas, incluem-se estudos tanto das problemáticas existentes, indo às suas raízes, como também das soluções possíveis. O encaminhamento para os problemas metropolitanos estará afeto do ente governamental específico, de empresários que não visem apenas auferir lucros exorbitantes e, logicamente, dos cidadãos conscientes de sua capacidade de influir na tomada de decisões. Com essas avaliações, penso que se deva trabalhar, à exaustão, o pape do governo e de empresas na elevação dos padrões educacionais, na oferta de serviços sanitários e de saúde pública, no uso democrático da terra urbana e correspondente oferta de habitações e de transportes acessíveis, na geração de novos postos de trabalho etc. A meta para a Geografia Urbana será analisar mapear criticamente a forma como as atividades geradas têm rebatimento espacial, influindo na urbanização e, logicamente, na qualidade de vida dos urbanitas e na elevação da cidadania. Assim, merece atenção a análise de territórios com características especiais, p.ex., reservas estratégicas para povoamento e expansão futura das metrópoles. Nem sempre os espaços urbanos, vagos ou ocupados (erroneamente tidos como “vazios urbanos”), são objetos de políticas públicas abrangentes. As ações para modificar territórios e aglomerados urbanos ocorrem com uma conjunção de forças. Nesse caso, valeria verificar as ações de atores e como cada um deles desempenha seu papel no âmbito das cidades: o Estado atua, com seu aparato legislativo (preventivo e coercitivo), na direção do controle e da normatização da terra urbana, p. ex.; os atores empresariais procuram as brechas para obter lucratividade, apresentando-se como construtores e intermediários entre demanda e oferta de habitações, de terrenos urbanos e dos transportes; o cidadão, por vezes tido apenas como “morador” ou “consumidor” é o alvo das metas governamentais e empresariais. Todavia, em ambiente especulativo, transforma-se em “agente-paciente” da oferta e da procura. Agente porque adere ao que lhe é proposto e paciente por suportar o ônus de gestões urbanas sem prioridades ou danosas ao bem-estar coletivo. A análise da atuação conjunta ou isolada desses atores, todavia, conduz o estudioso a utilizar outras escalas de observação e de teorização, como desenvolveu Milton Santos para o caso brasileiro, em termos da “dinâmica territorial”, quando trata da “dissolução” da metrópole brasileira. O grande geógrafo ressaltou que: “Pode-se dizer, no caso do Brasil, que, ao longo de sua história territorial, as tendências concentradoras atingiam número maior de variáveis, presentes somente em poucos pontos do espaço. Recentemente, as tendências à dispersão começam a se impor e atingem parcela cada vez mais importante dos fatores distribuídos em áreas mais vastas e lugares mais numerosos” (Santos, A Urbanização Brasileira. São Paulo, Hucitec, 1993, 89). A “dispersão”, no caso de Brasília é um polinucleamento urbano ou uma constelação de núcleos habitacionais que conduziu à periferização de enorme contingente populacional. Esse processo causou enormes sacrifícios à população centrifugada. Amalgamar ou conurbar os núcleos, como se quer hojepara o DF, é acumular erros que as grandes metrópoles levaram séculos para atingir – a congestão urbana. A compactação urbana não será um bom caminho para Brasília, ainda no limiar de seus primeiros cinquenta anos.